O quadro Vozes Negras hoje homenageia Joaquim Maria Machado de Assis.
Machado de Assis, como é conhecido, é considerado um dos maiores e melhores escritores do Brasil. Diante de grandes obras como Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas, muito discutidas deixo de lado suas publicações para dizer do processo de embranquecimento do escritor.
De acordo com Eduardo de Assis Duarte, coordenador do Literafro, portal da literatura afro-brasileira da Universidade Federal de Minas Gerais "não há texto ou registro algum de Machado em que ele diz ser branco. Ainda assim, por causa do nosso racismo institucional, a elite sempre fez de tudo para apresentá-lo como tal." Contudo, em seu atestado de óbito foi-se registrado como branco o que, segundo a cientista social Simone da Conceição Silva, é um dos muitos exemplos deste processo.
Filho do pintor de paredes "mulato", como era dito à época, Francisco José de Assis e da lavadeira portuguesa Maria Leopoldina Machado, o escritor nasceu em 21 de junho de 1839, no morro do Livramento, local conhecido como a ”Pequena África”, devido a forte presença de africanos.
Epiléptico e gago, Machado de Assis nunca frequentou escola ou faculdade, devido as questões de raça e classe, mas foi considerado um dos mais brilhantes autodidatas do seu tempo. Entretanto, ele fora repetidamente acusado de omisso e um dos seus críticos mais frequentes era o jornalista negro José do Patrocínio, um dos gigantes da causa abolicionista. De acordo com a reportagem do Geledés - As duas cores de Machado de Assis, a timidez e introspectividade do escritor foram apontados como resultantes da dor oculta por ser mestiço, estigmatizado pela gagueira e epilepsia.
Assim, Machado de Assis se consagrou na história da literatura brasileira com 10 romances, 216 contos, 10 peças teatrais, 5 coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas. Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, tendo sua presidência durado dez anos.
Para quem tem interesse em sua obra há uma Coleção Digital Machado de Assis no site: http://machado.mec.gov.br/ .
Além disso, um outro projeto, Machado de Assis Real, promove a primeira errata feita para corrigir o racismo na literatura brasileira, vale a pena conferir https://www.instagram.com/machadodeassisreal/?hl=pt
Por fim, a discussão sobre o embranquecimento do autor é muito bem discutida, e por isso foi usada como referência deste texto, por uma reportagem no site Geledés: https://www.geledes.org.br/duas-cores-de-machado-de-assis/
Texto por: Camila Ferreira