Esse texto é sobre os textos e todas as outras coisas que eu começo e não termino.

Esse texto é sobre os textos e todas as outras coisas que eu começo e não termino.

Não se assuste se esse texto acabar do nada. Na verdade pasme se você o estiver lendo, porque as vezes conseguir começar já é um sacrifício. 

Se você fizer uma rápida pesquisa no Google sobre o tema “Não consigo terminar nada que começo” vão aparecer vários títulos como: “Tantos passos para mudar”, “Conheça tantos métodos para acabar com isso” e por ai vai. Mas não vim aqui pra bancar a psicóloga do senso comum, resolvi escrever esse texto pra expor esse problema constante na minha vida.

Por vivermos numa sociedade meritocrática e no meu caso, de alguns privilégios, a pressão constante por ser boa em algo e além de tudo, ter que ser a melhor nisso me sufoca. E por isso, minha insegurança é alimentada, porque além de ser a melhor tenho que ser a melhor pra hoje, agora ou pra ontem se for possível. Afinal de contas, estar rodeada de pessoas que são boas em algo, no meu caso, só me deixa ansiosa e estagnada com medo de fazer algo porque vou ser só mais uma.

A possibilidade de ser a melhor ou até aceitar que sou “mais uma”, e que isso pode ser satisfatório também, não existe.

E aí nessa de tentar seguir esse fluxo, sou arrastada pela correnteza resultando em mergulhos rápidos em qualquer coisa, tirando meu fôlego pra logo depois outra situação te puxar pra superfície e você ter que partir pra algo novo, novamente. Nesse turbilhão é onde entra essa questão de não conseguir terminar nada direito, porque você é coagido a fazer tudo e em pouco tempo, porque se não, você fica pra trás. Só que somos seres humanos e não conseguimos dar conta disso tudo, mas fazem-nos acreditar que não dar conta é porque você não se esforçou devidamente.

Mas no meio disso tudo, consigo ver duas questões: a primeira, é que a insegurança nos leva a valorizar demais as pessoas e situações que talvez nem mereçam ou realmente não estão nesse lugar do pódio. E segundo, que por isso, acaba que nos desvalorizamos achando que não estamos ao lado delas, muito menos que podemos estar um pouco acima.

E que merda essa hierarquização das coisas e pessoas.

Assim sendo, o receio de começar algo e tentar me manter nessa escolha impede muitas vezes de encarar e experienciar o que tiver que vir. Impede, principalmente, de me valorizar e aceitar também as minhas limitações.

Por isso, vamos fazer um exercício de colocar em primeiro lugar nossa saúde, principalmente a mental. Acho que a partir daí talvez a gente consiga entender que tudo bem você não ter conseguido ir até o fim com algo que de todo, só estava te fazendo mal. E que sim, você teve força pra terminar algo. 


Texto: Camila Ferreira (@camifmoura_)

Imagem: Livia Fălcaru (@liviafalcaru)

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